26 fevereiro 2012

Sobre o número de vagas em Medicina

A recente publicação nos diferentes jornais online da posição da ANEM (Associação Nacional de Estudantes de Medicina) sobre o aumento dos números clausus deu origem a um infindável jorrar de comentários nos quais os estudantes de medicina são alvo de crítica e apelidados de escória, fascistas, mercenários - e isto para citar apenas alguns exemplos. Há até quem defenda o fim da profissão (!).

Ora vamos lá ver:

1. Proteccionismo? De quem?

Acusam os estudantes de Medicina de proteccionismo, mas pensem lá comigo:

Licenciatura: 6 anos
Ano Comum: 1 ano
Especialidade: No mínimo 4 anos

Um aluno que esteja agora, por exemplo, no 5º ano, vai estar a acabar a especialidade quando quem entrar no próximo ano lectivo estiver a acabar a licenciatura - e um recém licenciado não tira emprego a nenhum especialista.

2. Proteccionismo? E porque não?

Tentar impedir a formação das pessoas para o desemprego não é um erro. Antes pelo contrário. Todos os professores, advogados e engenheiros deste país deviam ter tido a sorte que alguém pelo menos tentasse fazer o mesmo nas suas áreas. E não me venham com lirismos - ninguém quer estar anos a estudar para ficar sem emprego.
Os números clausus deveriam reflectir as necessidades. Num país onde o Primeiro Ministro é o 1º a assumir a sua incapacidade de mudar a situação económica e pede aos jovens para emigrar, a população em geral prefere voltar-se contra os únicos que ainda parecem ter alguma esperança de empregabilidade - e assim ver o dinheiro dos seus impostos a ser desperdiçado em licenciaturas que, no fundo, são um investimento sem retorno, pois os licenciados não encontram emprego na sua área.

3. Qualidade de ensino - não é mentira, está mesmo a ser posta em causa

As faculdades não são elásticas. De momento, os anfiteatros estão pelas costuras, de forma que os alunos têm muitas vezes que se sentar no chão. É cada vez maior o número de alunos por tutor e sim, isso compromete a capacidade de ensino. Até porque há bom senso - e não se submete o doente a 10 exames objectivos sob mãos diferentes. Assim sendo, perdem-se casos, perde-se experiência.
O meu ano foi o 1º em que não houve autópsias - precisamente por já sermos muitos. Somos tantos alunos nos hospitais que começam a circular piadas do tipo "ficas tu com a metade esquerda e eu com a direita".

Posto isto, não me venham dizer que não interessa a qualidade do ensino ser prejudicada e que isso acontece também noutras licenciaturas. A falta de experiência é o 1º passo na direcção do erro! E é do interesse de todos que os médicos tenham a oportunidade de a adquirir.

Não me venham com conversas - num momento de necessidade, todos queremos que o médico que nos atende seja o mais competente possível. Há, claro, pessoas competentes e incompetentes em todo o lado. Há médicos que não mereciam um ordenado ao fim do mês? Haverá, certamente. Mas há também muitos cuja dedicação e empenho não encontram remuneração suficiente em nenhum escalão de ordenados.

Há queixas em relação à falta de especialistas, mas não vi ninguém contra o aumento de vagas para Medicina Geral e Familiar em detrimento de outras especialidades. A formação complementar nas diferentes especialidades está de momento a ser posta em causa, precisamente porque os hospitais com capacidade formativa não têm capacidades para receber tantos recém-licenciados - pois então que se dê capacidade formativa a outros hospitais. Não há falta de médicos, há má distribuição - e esse deveriam ser a verdadeira luta de todos.

A formação de um médico dura, no mínimo, 11 anos - e gostava de saber quanta gente estaria disposta a semelhante sacrifício para depois ir para o desemprego. E não me venham dizer que quem entra em Medicina o faz pelo dinheiro - há de tudo, como em todo o lado. Se queremos emprego garantido? Claro, como qualquer pessoa, licenciada ou não, quer. Porque haveriam os médicos de ser diferentes?

A população portuguesa, em vez de defender aquele que é o melhor serviço público do país - o SNS - prefere esfregar as mãos de contente perante a possibilidade de os médicos não terem emprego. Já que estamos mal, eles que fiquem mal também.

Num país em que fica tudo indignado porque o ex-primeiro ministro tem um diploma passado num Domingo, não há indignação pelo facto de se estar a por a causa a qualidade do diploma de quem lhes trata da saúde - o que, convenhamos, é capaz de ser bem pior.
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22 fevereiro 2012

Blankets



Acabei de o ler há uns dias e ainda não estou certa de conseguir transmitir o tanto que este livro me marcou.

Se, por um lado, foi um comic book que descobri por mim (não foi, como é hábito, recomendado por terceiros - que eu não costumo ler bd), foi também uma espécie de amor à primeira vista. Encontrei-o por acaso, peguei-lhe, empatia imediata - e nunca mais me saiu da cabeça.

Blankets é também uma bd fora do normal - não há super-heróis, personagens fictícias ou vilões. Aliás, é uma autobiografia do autor. É um livro como outro qualquer, que podia estar escrito em texto corrido, mas que por mero acaso, foi desenhado, ilustrado - e de uma forma soberba. As palavras são um mero complemento, ainda que marcantes e certeiras.

Os sentimentos têm um cenário que os acolhe, as emoções revelam-se em diferentes padrões que lhes são associados. É quase uma sinestesia onde o 1º amor e a descoberta do "eu", à revelia de uma educação profundamente religiosa, se cruzam a preto e branco num livro que não precisa de cores. Pelo meio, são inúmeras as referências à cultura indie-pop dos anos 90 que surpreendem o olhar atento.

Ao chegar ao fim fiquei triste, porque nunca mais o vou poder ler pela 1ª vez. E isso é o melhor que se pode dizer de um livro. Tornou-se um livro-amigo.

Incerto, a espaços crú, sobretudo ternurento - a apreciar lelicada e completamente, como todos os outros bons momentos da vida. Ainda que sejam temporários. Ou por isso mesmo.
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Conclusões do Carnaval

1. Este deve ter sido um dos Carnavais mais caros de sempre. Os custos inerentes à abertura de infraestruturas não devem ter compensado. Atente-se, por exemplo, no Metro de Lisboa - teve a rotação normal para um dia de semana e a afluência de um Domingo. Prejuízo.

2. Tudo o que é informatizado não estava programado para que o dia de ontem fosse um dia de trabalho. Existem por exemplo programas que não permitiam qualquer tipo de marcação para a data. Os parquímetros colaboraram - punham-se 20 cêntimos e a coisa estava paga até ao dia seguinte (portanto, hoje) de manhã. Prejuízo.

3. Não li ainda notícias sobre o assunto, mas suponho que, ainda assim, a afluência aos festejos tenha sido inferior ao normal. Logo, prejuízo também.

Eu não gosto do Carnaval. Mas a expressão  "É Carnaval, ninguém leva a mal" este ano teve o seu expoente máximo de inadequação. É que, Sr Ministro, levamos todos a mal. Quem foi trabalhar e quem não foi. Estas coisas, a serem bem feitas, têm que ser programadas. Antecipação é a palavra de ordem.

Apesar de nunca ter vistos tantos mascarados nos diferentes locais de trabalho, os políticos deste País não devem ter precisado de máscara para se verem ao espelho e perceberem o efeito prático das suas decisões.


Uma palhaçada, portanto.
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17 fevereiro 2012

Olhem lá a vossa (e minha...) cara por hoje ser Sexta

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15 fevereiro 2012

Dos dias...

Jantares com casais amigos, jantares românticos (sem ser no dia de S. Valentim, claro, para ser do contra); cafés, lanches, almoços, conversas. Tempo para os outros e para nós. Estágios, cursos, páginas que se vão lendo do enfant terrible. Passeios, séries em dia, filmes. Surpresas boas, brunch, caminhar lado a lado, de mãos dadas.

Pelo meio ainda tempo para acabar este:

Ler este:
E começar o muito aguardado:
Descobrir músicas fantásticas, como esta:



" And you are the wolf
And i am the moon
And in the endless sky we are but one
(...)
There  will never be a dawn that breaks the spell surrounding us"

E sim, tenho dormido qb, obrigada!

=)
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10 fevereiro 2012

Reacções ao Harrison

Reacções ao Harrison
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07 fevereiro 2012

Das coisas que eu gosto - 2

No carro de manhã, a caminho do hospital e ouvir esta música na rádio.
Valeu-me um sorriso nos lábios, que felizmente perdura - muito graças à frase em destaque, que me diz muito de momento.
Tudo graças ao Zé Pedro e ao rock'n'roll na Radar.


"I have my freedom but i don't have much time"
"The wild horses - we'll ride them someday"
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04 fevereiro 2012

Maybe someday...

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