15 setembro 2012

Carta ao Passos Coelho - Pedro para os amigos


Amigo Pedro,

Participei hoje numa das manifestações mais ingratas que uma cidadã pode fazer - informar o Governo, que nos tem dado tanta austeridade e irresponsabilidade neste período tão dificil da nossa história, que os seus tempos de governação terminaram.

Não era o que gostaria de te poder dizer, e sei que não era o que gostarias de ouvir.

O nosso país é hoje um exemplo de determinação e força, e esse 
é o resultado directo dos milhares que saíram à rua. Porém, para alguns Portugueses, em particular os do Governo, essa manifestação não gerou aquilo que mais precisam neste momento: manter o tacho. Quem está nessa situação sabe bem que este é mais do que um problema financeiro - é um drama pessoal e partidário, e as medidas porque todos esperamos representam um passo necessário e incontornável no caminho de uma solução real e duradoura.

Vejo todos os dias o quanto já estamos a trabalhar para corrigir os vossos erros, e a frustração de não poder poupar-te a estas manifestações é apenas suplantada pelo orgulho que sinto em ver, uma vez mais, do que são feitos os Portugueses.

Queria escrever-te hoje, nesta página pessoal, não como mulher, mas como cidadã e como amiga, para te dizer apenas isto: esta história não acaba assim. Não baixaremos os braços até dares o teu trabalho por feito, e nunca esqueceremos que os nossos filhos nos estão a ver, e que é por eles que continuaremos, hoje, amanhã e enquanto for necessário, a sacrificar tanto as pernas e a garganta para recuperar um Portugal onde eles não precisarão de o fazer.

Obrigadinha e Boa viagem,

Mx3

(Como devem ter percebido, é uma adaptação livre do texto que Passos Coelho deixou aos portugueses no seu facebook)
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03 setembro 2012

Um aparte sobre o estado do país

Houve uma altura em que Portugal era um país porreiro - bom sol, belas praias, gastronomia do melhor, custo de vida aceitável, serviços com qualidade qb, segurança. Era um país no qual ter qualificações era praticamente sinónimo de emprego - e a falta das mesmas não era uma condenação.

 Hoje dei por mim a concluir que, excepção feita aos colegas de faculdade, 99% dos meus amigos está desempregado, tem emprego precário ou uma remuneração muito aquém daquilo que as suas qualificações fariam prever. Todos licenciados, alguns doutorados. Na maior parte dos casos, pessoas esforçadas, responsáveis, competentes. E os meus amigos são uma pequena amostra do mundo - ou do país, neste caso.

 O desemprego tem aumentado a olhos vistos e o que este governo faz? Piora a qualidade de vida dos cidadãos - ele é portagens, impostos, taxas, serviços a fechar, até a televisão pública está em perigo. Não acredito em governos milagrosos, capazes de salvar os países de todas as crises, mas numa altura em que Portugal parece um Titanic a afundar - porra!, bem que escusavam de o fazer afundar mais depressa! E não me venham cá com desculpas troikianas - isto roça o criminoso.



(É por estas e por outras que pessoas com bom emprego e que passam a vida a queixar-se me fazem sempre ter espasmos na mão com a vontade de espetar uma estalada.)
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