Não querendo com isto dizer que há greves de 1ª e de 2ª, a anunciada greve dos médicos é, a um tempo, uma defesa pelos direitos da classe e uma defesa do SNS. Luta-se pelos direitos da classe, sim, sendo que um dos direitos defendidos é o direito a uma carreira - o direito a ter uma formação complementar, a ser um especialista, a integrar uma equipa fixa; um direito que, inerentemente, se associa à melhor prestação de cuidados de saúde.
Luta-se pelos termos de contratação, sim, mas também (sobretudo, arrisco) porque estes acarretam uma reestruturação do SNS que vai deixar os portugueses mais mal servidos. Medidas que começam a fazer o SNS implodir.
E é por isso que esta greve terá, antevenho, tanta adesão de estudantes. Não, não vão ser só os Srs Drs a exercer o direito à greve - os alunos de Medicina também vão, parece-me, largar os livros por um dia e sair à rua. Lutamos pelos nossos direitos como futuros médicos, é certo, mas também pelos nossos direitos como utentes do SNS. Lutamos pela manutenção de um SNS para o qual nos estamos a preparar para trabalhar.
Esta greve devia ser uma greve de todos - e é pena que haja quem não queira ver isso.
Esperemos que não chegue o dia em que, enterrado o SNS, não sejamos forçados a abanar a cabeça e a dizer nós avisamos.
Termino com as palavras de quem sabe muito mais disto do que eu - e escreve com muito mais eloquência.
(clicar para ampliar)
(E agora adeuzinho que vou ver o fim do jogo...)
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