17 junho 2012

Da greve, dos direitos e das palavras dos outros

O direito à greve em Portugal banalizou-se ao ponto de haver sites dedicados exclusivamente a informar o público geral sobre se "hoje à greve". Esse é o 1º motivo para muitas greves provocarem revirares de olhos, suspiros, desabafos de "outra vez". Não deixa, no entanto, de ser um direito que nos assiste.

Não querendo com isto dizer que há greves de 1ª e de 2ª, a anunciada greve dos médicos é, a um tempo, uma defesa pelos direitos da classe e uma defesa do SNS. Luta-se pelos direitos da classe, sim, sendo que um dos direitos defendidos é o direito a uma carreira - o direito a ter uma formação complementar, a ser um especialista, a integrar uma equipa fixa; um direito que, inerentemente, se associa à melhor prestação de cuidados de saúde.

Luta-se pelos termos de contratação, sim, mas também (sobretudo, arrisco) porque estes acarretam uma reestruturação do SNS que vai deixar os portugueses mais mal servidos. Medidas que começam a fazer o SNS implodir.

E é por isso que esta greve terá, antevenho, tanta adesão de estudantes. Não, não vão ser só os Srs Drs a exercer o direito à greve - os alunos de Medicina também vão, parece-me, largar os livros por um dia e sair à rua. Lutamos pelos nossos direitos como futuros médicos, é certo, mas também pelos nossos direitos como utentes do SNS. Lutamos pela manutenção de um SNS para o qual nos estamos a preparar para trabalhar.

Esta greve devia ser uma greve de todos - e é pena que haja quem não queira ver isso.

Esperemos que não chegue o dia em que, enterrado o SNS, não sejamos forçados a abanar a cabeça e a dizer nós avisamos.

Termino com as palavras de quem sabe muito mais disto do que eu - e escreve com muito mais eloquência.

(clicar para ampliar)

(E agora adeuzinho que vou ver o fim do jogo...)


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