Licenciei-me pela 1ª vez há 7 anos atrás. Na altura sentia-me um pouco perdida, cheia de incertezas quanto ao futuro, tudo há minha volta era mudança - saía da cidade que tinha tornado minha, separava-me dos amigos. Tirar Medicina nem me passava pela cabeça.
Até ao dia em que decidi. Sentei-me à mesa e falei com a minha mãe. Disse-lhe o que queria, o que pensava, quais eram as minhas condições. Perguntei se me apoiava. Ela, sempre realista, falava-me de como seria difícil entrar quando vem de lá o meu pai, lançado, um brilho nos olhos, a festejar como se eu já tivesse acabado o curso.
Nunca vou saber ao certo o que me fez decidir. Costumo dizer que nem todas as vocações se descobrem antes dos 18 anos e continuo a achar que é uma idade demasiado tenra para se decidir uma coisa tão importante para a vida. Sei, sim, que foi preciso uma certa dose loucura. Que coragem que tu tens, diziam-me alguns, e eu ficava surpreendida com o comentário, não me sentia corajosa, apenas a percorrer um caminho que de repente percebi que tinha que ser o meu.
Passaram 6 anos. Seis. Olho para trás, para tudo o que vivi e não, não posso dizer que, se soubesse, soubesse mesmo mesmo o que isto era, faria tudo igual. Foi um leap of faith. Um dia de cada vez de um curso que, no 4º ano, parecia nunca mais acabar. Um dia de cada vez, a aguentar. Perdi e ganhei muito pelo caminho. Foram seis anos em que posso dizer que sim, vivi os meus melhores e piores momentos da minha vida até agora. Um dia de cada vez que me trouxeram ao aqui e agora. E, para o bem e para o mal, não me via em mais sítio nenhum.
Não sabe a mudança. Acabei a licenciatura, mas já tinha feito o mestrado. Tenho a ementa dos próximos meses mais do que definida - marrar, marrar, marrar - e continuo a rir-me desta ironia que é acabar o curso e fechar fechada em casa a estudar, Ena, acabaste o curso, que vais fazer? Estudar!
Mas sabe bem. E o que sabe melhor não é o canudo - é saber que o P, lá do outro lado do mundo, tem hoje um sorriso nos lábios por mim, ele que me apoiou sempre, que nas vésperas de exame me perguntava "mas estás doente?" e levava com o olhar 33, como ele diz, de "eh pah deixa-me mas é estudar" - continuo a perguntar-lhe como é que nunca fugiu de mim, porque eu própria acho que o faria.
E, sobretudo, que os meus pais, incansáveis, estão à minha espera para celebrar. Eu sei o esforço que fizeram por mim, sei que os últimos seis anos também não foram fáceis para vocês. E vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para retribuir da melhor maneira possivel.
Por isso, seis anos depois, o mais importante que tenho a dizer é isto:
Obrigada pai e mãe!
4 comentários:
MUITOS PARABÉNS !!!
Um beijinho muito grande e agora é sempre a bombar :)
Obrigada filha por seres quem és. Mais que os "canudos" são os teus valores e atitudes que nos orgulham!
Parabéns! :)
Parabéns:D
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