11 janeiro 2012

Ferreira Leite defende que doentes com mais de 70 anos paguem hemodiálise

O título é desta notícia, no jornal Público.

Lendo o texto todo, percebe-se facilmente aquela que é, desde há muito tempo, a intenção do PSD: privatizar o SNS.

Eu sei que estamos em crise, que o SNS é caro e que, efectivamente, há pessoas isentas e que têm todas as condições para pagar. Mas são excepções. A grande maioria dos doentes que aparece nas urgências dos hospitais públicos não consegue pagar os medicamentos. A verdade é essa.

Os tempos de crise têm sempre um lado positivo: a outra face da moeda. A criatividade que, pressionada pela necessidade, vem ao de cima. Sempre acreditei que era nos tempos mais difíceis que o melhor das pessoas vinha ao de cima, e é. Mas também é quando as pessoas mostram o seu pior - o que, curiosamente, parece acontecer acima de tudo na classe política.

Numa altura em que as condições do trabalho médico estão a piorar substancialmente, estão prestes a tirar-nos aquilo que ser médico tem de melhor: é a melhor profissão do mundo. E não falo de emprego, de remunerações ou de estatuto. Falo da capacidade que temos de ajudar uns e outros, independentemente da classe social, da cor, da fé.

Um sistema de saúde como MFL quer - nas suas próprias palavras "Tem sempre direito se pagar" - é um sistema que discrimina e exclui.  Que vai contra o Juramento feito pelos médicos e, em última análise, contra aquilo que é - ou deveria ser - a maior qualidade humana: a capacidade de ajudar o próximo. Ainda por cima feito por quem tem as costas quentes - que é como quem diz, capacidade económica de aceder aos privados - não obstante a capacidade e a qualidade dos hospitais públicos ser igual ou superior.

Na Doença Renal Terminal, há 2 opções de tratamento: a diálise ou o transplante. Ponto final. Sem estes, o doente morre. Quem vai dizer ao doente que a sua vida só pode ser salva se tiver dinheiro para isso?

Na minha opinião, todos os dirigentes políticos deveriam fazer uma urgência de 24h antes de abrirem a boca. E serem eles a dizer ao ser humano que têm à frente, um pessoa igual a eles em tudo, que decidiram que a vida de cada um tem um preço estabelecido em função da conta bancária.

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