02 abril 2012

Os Ornatos e eu

Já não sei bem quando conheci Ornatos, mas pelas minhas contas terá sido aí pelo ano de 1996, quando o Punk Moda Funk começou a passar numa rádio regional, num programa de boa música portuguesa.

Comprei o Cão em K7 (gosh i feel old) e O Monstro precisa de Amigos foi a minha banda sonora no 1º ano da faculdade. Nessa altura já os tinha visto em palco algumas vezes e revi-os mais vezes ainda em Coimbra; os concertos foram tantos que, desconfio, foi a banda que mais vezes vi ao vivo. Todos os concertos acabavam com o Manel Cruz em tronco nú e eu cansada de tanto saltar.

Não saberia escolher uma música deles. Se a irreverência do Punk Moda Funk me chamou a atenção, o ambiente de A Dama do Sinal cativou-me, o pragmatismo de O Amor é isto e Débil Mental agarraram-se a mim como uma tatuagem, a simplicidade de Raquel e Letra S continuaram a ser trauteadas ao longo dos anos. Já com o Monstro, se Ouvi Dizer se tornou um hit nacional, por cá foi a Chaga a deixar marcas tão fortes como o nome, o Capitão Romance, que detestei na 1ª vez que ouvi, a fazer-me rir tantas vezes, o Dia Mau a ser lembrado com resignação dos dias que lhe fazem jús ao nome.

É também uma banda feita de muitas pessoas. Colegas de liceu, de faculdade, amigos, desconhecidos, é tanta a gente que cabe, que poderia ter uma música para cada um, mesmo que para isso fosse necessário recorrer aos temas fora de álbum, como a versão (fabulosa) do Circo de Feras ou o intemporal Tempo de Nascer.

Por isso, e apesar de o concerto de regresso aos palcos (?) ser em vésperas do Dia H, decidi que tinha que ir e foi de mau humor que recebi ontem ao fim da tarde, depois de um fim de semana passado longe do mundo, a notícia de que mais de 70% dos bilhetes estavam vendidos. Cheia de auto comiseração e rendida às evidências de que o Karma, esse sábio sacana, me estava a mandar ficar em casa nas vésperas do Dia H, acabei por ser arrastada pelo P. até à Fnac mais próxima, depois da confirmação por telefone de "há menos de 200 bilhetes".

Lá fomos, a correr. Dos momentos de espera na fila da bilheteira, hei-de sempre lembrar-me dos putos que estavam à nossa frente, a pedir bilhetes para o mesmo concerto, enquanto eu, de prego a fundo no mau feitio, resmungava "mas esta gente ainda andava de fraldas quando os Ornatos existiam, saiam mas é da frente". E do apagão que durou um nano-segundo e me provocou uma pequena arritmia. E que, se não fosse o P., eu não tinha de certezinha bilhetes a esta hora.

Porque o Amor é isto não está disponível no tubo, fica a música para embalar essas núvens indecisas que andam por aí a passear...

2 comentários:

irRita disse...

:)

(pois eu já só vou a tempo do segundo round...)

M disse...

Melhor do que não ir a round nenhum :)

 

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