Por coincidência, tive o prazer de ler de seguida 3 livros que são 3 grandes clássicos.
O 1º foi o Shogun, de James Clavell.
Não sendo um livro que, à partida, despertasse a minha atenção, foi-me recomendado e confesso que me surpreender. O Shogun tem no entanto um enorme defeito: não obstante ser grande, acaba. Acaba e deixa saudades, que é a melhor coisa que se pode dizer acerca de um livro. Como a resumo da história podem ler em qualquer lado, acrescento apenas que gostei sobretudo de, através dele, conhecer melhor a cultura Japonesa e a influência que nós, Portugueses, tivemos na história do Japão. Tudo devidamente embrulhado numa história que nunca se torna maçuda. E da maneira como as religiões influenciam os hábitos dos povos. Seja pela aprendizagem, pelas personagens (que saudades da Mariko…) ou pelas expressões, é um daqueles livros que se lê e nunca mais se esquece… Karma neh? (E com ele a noção de Karma ficou também muito mais esclarecida - e mais próxima da minha própria definição).
Seguiu-se-lhe o The Catcher in Rye, do Salinger.
Ao contrário do Shogun, é um livro que estava na minha lista de espera. Aliás, já o tinha, mas deve ter ficado esprestadado a alguém, de maneira que, para o ler, tive que o voltar a comprar. Leitura muito mais leve que o anterior, não nos ensina nada da história, contando antes uma estória de um adolescente. É uma leitura fluida e rápida. Não deixando de ser um bom livro, veio no entanto um pouco fora de tempo. A minha adolescência ter-se-ia dado melhor com ele.
Por fim, The House of God, do Samuel Shem
Este livro é um clássico pelo menos entre médicos e alunos de Medicina e talvez por isso o "clássico" não lhe assente tão bem. Sendo eu da área, torna-se difícil perceber se o enredo da história de Roy, na fase da sua vida em que sai do meio dos livros médicos e passa para o mundo real dos hospitais, terá algum interesse para profissionais de outras áreas.
Para mim, foi um livro marcante. Pela maneira como, no início, me ri da inexperiência dos internos, das piadas e me revi na desorientação típica de quem, pela 1ª vez, tem que ser médico, sem se sentir preparado para tal. Depois, pelo idealismo da cura que vai sendo perdido pelo caminho e gradualmente substituído por uma das famosas leis da House of God: não fazer nada é o melhor que podemos fazer na maior parte dos casos. Por fim, por comprovar o quanto é mais difícil saber quando parar de tratar doentes do que tratá-los inutilmente «; e por ver retratado o efeito que aquilo que se vive quando se é médico tem nos próprios médicos.
Ao contrário do Shogun, do qual não me vou esquecer pelas curiosidades, pelo que nele aprendi e que procurei e procuro incorporar na minha vida, do House of God não me hei-de esquecer nunca, por ver nele retradado aquela que será, cada vez mais, a minha vida.
O livro tem por isso um efeito perverso de projecção, não é apenas uma ficção que termina na última página do livro e da qual só se retém o que se quer. Não, pelo contrário, mostra um caminho duro, muito mais realista do que romanceado.
Pela 1ª vez, precisei de coragem para ler um livro. E espero ter sempre a integridade de não me esquecer do que li.
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