Há quem não goste do Natal. Quem não goste só porque não, quem não goste com motivo, outros por ser fashion dizê-lo, outros para ser do contra, outros que não gostam mas que se ofendem quando alguém não lhes deseja um Feliz Natal,... Enfim, os motivos são variados.
É também comum o chavão moralmente correcto de "o importante é a família, não ligo\ não gosto das prendas". Concordando que sim, o mais importante é sempre estar com a família (conceito de valor acrescido para quem sabe que, no futuro, passará provavelmente uns bons Natais a trabalhar), eu, que (no geral) gosto do Natal, discordo em absoluto com isto das prendas. E não mudo de ideias só porque fica bem. Isto porque as prendas fazem parte. Os embrulhos, os laços, a curiosidade acerca do que escondem. E não, não sou consumista. Se não acreditam, esclareço desde já que qualquer artéria consumista que por aqui andasse, pulsátil na sua vontade de gastos, depressa ficaria quietinha tendo em conta o orçamento. Acontece, isso sim, que uma árvore de Natal sem prendas em baixo fica sempre mais despida. Que o cheiro do papel de embrulho adocica tanto o Natal como o das rabanadas.
E, mais importante de tudo, eu adoro dar prendas. Mesmo. E Natal não era Natal sem a tradicional demanda pelas lojas à procura de prendas. E não falo de prendas para encher o olho, prendas que se dão porque sim, tem de ser, prendas para marcar estatutos, subir nas considerações, marcar pontos. Porque, a meu ver, é pensar nas prendas dessa maneira que estraga tudo. Dar por dar, comprar por comprar, gastar dinheiro sem sentimento... Isso, concordo, é uma chatice do catano e não é espírito natalício.
Eu gosto é do entusiasmo de andar à procura de alguma coisa que, por pequeno que seja o seu valor comercial, é perfeita para a outra pessoa, que só podia vir de mim, que é original ou que tem tudo a ver com quem a recebe, que era mesmo aquilo que a outra pessoa queria. Gosto de chegar a casa carregada de embrulhos, de trocar as embalagens para que não se perceba logo onde foi comprada ou o que vem lá dentro, de embrulhar eu as prendas que dou, da dorzinha de alma que me dá de não a poder dar logo, de dar umas pistas retorcidas conducentes a caminhos dispersos que nem sempre vão ter ao lugar mágico da prenda certa.
Quanto às prendas que recebo, sou exigente: têm que estar embrulhadas e ser dadas na altura certa. Como nos aniversários, que isto de prendas meses depois porque não houve tempo, isso sim deixa-me magoada. Há sempre tempo, nem que seja para um rebuçado - tem sempre que se desembrulhar antes de comer, ou não?
Claro que, não sou hipócrita, gostava de ter dinheiro para poder oferecer prendas a mais pessoas, para não ficar triste quando vejo aquela que era a prenda ideal e que, pura e simplesmente, não posso comprar. Mas isso não é consumismo. É a vida!
Posto isto, adeuzinho que vou ali dar uma espreitadela às prendas que ainda estão de baixo da árvore e que, finalmente, vou poder hoje (e bem que me custou aguentar tanto tempo), para decidir qual será a ordem exacta de entrega, que isto de gostar de dar prendas e de Natal com prendas é uma arte que ainda exige alguma mestria.
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É também comum o chavão moralmente correcto de "o importante é a família, não ligo\ não gosto das prendas". Concordando que sim, o mais importante é sempre estar com a família (conceito de valor acrescido para quem sabe que, no futuro, passará provavelmente uns bons Natais a trabalhar), eu, que (no geral) gosto do Natal, discordo em absoluto com isto das prendas. E não mudo de ideias só porque fica bem. Isto porque as prendas fazem parte. Os embrulhos, os laços, a curiosidade acerca do que escondem. E não, não sou consumista. Se não acreditam, esclareço desde já que qualquer artéria consumista que por aqui andasse, pulsátil na sua vontade de gastos, depressa ficaria quietinha tendo em conta o orçamento. Acontece, isso sim, que uma árvore de Natal sem prendas em baixo fica sempre mais despida. Que o cheiro do papel de embrulho adocica tanto o Natal como o das rabanadas.
E, mais importante de tudo, eu adoro dar prendas. Mesmo. E Natal não era Natal sem a tradicional demanda pelas lojas à procura de prendas. E não falo de prendas para encher o olho, prendas que se dão porque sim, tem de ser, prendas para marcar estatutos, subir nas considerações, marcar pontos. Porque, a meu ver, é pensar nas prendas dessa maneira que estraga tudo. Dar por dar, comprar por comprar, gastar dinheiro sem sentimento... Isso, concordo, é uma chatice do catano e não é espírito natalício.
Eu gosto é do entusiasmo de andar à procura de alguma coisa que, por pequeno que seja o seu valor comercial, é perfeita para a outra pessoa, que só podia vir de mim, que é original ou que tem tudo a ver com quem a recebe, que era mesmo aquilo que a outra pessoa queria. Gosto de chegar a casa carregada de embrulhos, de trocar as embalagens para que não se perceba logo onde foi comprada ou o que vem lá dentro, de embrulhar eu as prendas que dou, da dorzinha de alma que me dá de não a poder dar logo, de dar umas pistas retorcidas conducentes a caminhos dispersos que nem sempre vão ter ao lugar mágico da prenda certa.
Quanto às prendas que recebo, sou exigente: têm que estar embrulhadas e ser dadas na altura certa. Como nos aniversários, que isto de prendas meses depois porque não houve tempo, isso sim deixa-me magoada. Há sempre tempo, nem que seja para um rebuçado - tem sempre que se desembrulhar antes de comer, ou não?
Claro que, não sou hipócrita, gostava de ter dinheiro para poder oferecer prendas a mais pessoas, para não ficar triste quando vejo aquela que era a prenda ideal e que, pura e simplesmente, não posso comprar. Mas isso não é consumismo. É a vida!
Posto isto, adeuzinho que vou ali dar uma espreitadela às prendas que ainda estão de baixo da árvore e que, finalmente, vou poder hoje (e bem que me custou aguentar tanto tempo), para decidir qual será a ordem exacta de entrega, que isto de gostar de dar prendas e de Natal com prendas é uma arte que ainda exige alguma mestria.