21 dezembro 2010

Estão felizes? Vão ao psiquiatra!


Parece mentira, mas é verdadinha. Saíu em tempos um artigo que propõe que, cito, "a felicidade seja classificada como uma doença psiquiátrica, sendo incluída nas futuras edições  dos principais manuais de diagnóstico com uma nova designação: doença afectiva major, tipo prazenteiro (tradução livre do original pleasant).

Os autores vão ainda mais longe, clarificando que "a componente comportamental da felicidade é mais difícil de caracterizar mas expressões faciais como "sorrir" foram notadas".

No abstract os autores consideram que a possível objecção à sua proposta, a de a felicidade não ter uma conotação negativa, pode ser facilmente descartada, dado a sua falta de carácter científico. Proponho mesmo que todas as objecções feitas à proposta sejam sistematicamente avaliadas no Parlamento que, como se sabe, é a maneira ideal de as coisas andarem em frente enquanto se decide se podem ou não avançar.

Ora aqui a menina, não obstante não ter tido ainda tempo para ler o dito artigo na íntegra, propõe que se volte a pegar na ideia (que, pelos vistos, não andou em frente), para o bem da nação. É que quando dão notícias na TV(I) ou saem artigos em revistas sobre a depressão, a malta fica toda convencida que sim srª, anda deprimida, pois não havíamos de andar com esta crise? e, em casos extremos, não descansa enquanto não tem a sua receita de fluoxetina, atestado científico dos males das alma.


Estão a perceber a ideia, certo? Já estou a ver os Headlines: "30.000 portugueses com diagnóstico de Felicidade". E as entrevistas na TV? O rosto camuflado pela contra luz e a voz distorcida (ou será que no caso optam pela distorção na forma acelerada, para dar um efeito happy tree friends?) a dizer: "Eu era uma pessoa normal até que o meu marido me deixou e eu comecei a andar muito bem disposta, sempre sorridente e até mais simpática".

Certo, certo, é que à custa do (pessimismo? dor de cotovelo?) pensamento dos autores, poderiam andar umas poucas de almas mais bem dispostas e, enfim, felizes da vida.



P.S.: A depressão, sim, é uma doença grave e o post não pretende de forma alguma diminuir a sua importância e o impacto que tem na vida daqueles que dela sofrem. Foi simplesmente aqui usada como contra-ponto, dado que o assunto do artigo era a felicidade.

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